segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A importância da formação profissional do homem da segurança empresarial.

MASLOW (1946) definiu que são necessidades básicas do ser humano as necessidades fisiológicas (como a fome e a sede, o sono, a excreção, o abrigo), as necessidades de segurança (que vão da simples necessidade de sentir-se seguro dentro de uma casa a formas mais elaboradas de segurança como um emprego estável, um plano de saúde ou um seguro de vida), as necessidades sociais ou de amor (afeto, afeição e sentimentos tais como os de pertencer a um grupo ou fazer parte de um clube), as necessidades de estima (o reconhecimento das nossas capacidades pessoais e o reconhecimento dos outros face à nossa capacidade de adequação às funções que desempenhamos) e as necessidades de auto-realização (em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser).
Percebe-se, portanto, que a segurança era e ainda é uma das necessidades fundamentais do ser humano.
Assim, o papel do profissional de segurança privada é basilar para garantir que a segurança almejada seja alcançada.
O profissional de segurança privada do início dos 60 é muito diferente do que aquele que hoje atua nesta área. Naquela década não havia oficialmente uma legislação que determinasse quais seriam os requisitos para que um cidadão pudesse atuar na atividade. Não existia um currículo mínimo para a formação destes profissionais. Quem atuava na segurança privada eram a princípio, profissionais da área da segurança pública desviados para a iniciativa privada.
Com a sanção da Lei 7.102 de 20 de junho de 1983, a atividade de segurança privada começou a ser de fato organizada no Brasil. A partir de sua publicação, estaria vedado o funcionamento de qualquer estabelecimento financeiro onde houvesse guarda de valores ou movimentação de numerário que não possuísse sistema de segurança aprovado pelo Ministério da Justiça. O sistema de segurança incluía sistemas de alarme, portas detectoras de metal, escudos, alem de pessoas adequadamente preparadas: Os vigilantes.
Apesar da Lei 7.102 fazer clara exigência de pessoas adequadamente preparadas não havia uma regulamentação que tratasse a miúde da formação destes profissionais.
A Portaria 992 de 25 de outubro de 1995, marco na formação daqueles que atuavam ou que pretendiam atuar na atividade de segurança privada no Brasil, regulamentou a Lei 7.102 e entre outros temas abordou claramente a formação do profissional de segurança privada.
A porta de entrada para a área de segurança privada é o Curso Básico de Formação de Vigilantes. Para realizar o curso o interessado deve, de acordo com a legislação em vigor, possuir os seguintes requisitos:
- Ser brasileiro, nato ou naturalizado;
- Ter idade mínima de 21 (vinte e um) anos;
- Ter instrução correspondente à quarta série do ensino fundamental;
- Ter sido aprovado em exames de saúde e de aptidão psicológica;
- Ter idoneidade comprovada mediante a apresentação de antecedentes criminais, sem registros de indiciamento em inquérito policial, de estar sendo processado criminalmente ou ter sido condenado em processo criminal;
- Estar quite com as obrigações eleitorais e militares;
- Possuir registro no Cadastro de Pessoas Físicas.
A grade curricular do Curso de Básico de Formação de Vigilantes prevê carga horária de 160h/aula e são tratados os seguintes temas: Noções de Segurança Privada, Legislação Aplicada e Direitos Humanos, Relações Humanas no Trabalho, Sistema de Segurança Pública e Crime Organizado, Prevenção e Combate a Incêndio e Primeiros Socorros, Educação Física, Devesa Pessoal, Armamento e Tiro, Vigilância, Radiocomunicação e Alarmes.
Ao concluir com aproveitamento o curso de formação muitos de nossos vigilantes se acham prontos para o mercado de trabalho e acomodam-se neste patamar. Alguns buscam especialização nos cursos de extensão em transporte de valores, escolta armada, segurança pessoal e mais recentemente nos cursos de extensão em equipamentos não-letais. Invariavelmente são motivados a realizar estes cursos por acreditarem ser este o único caminho para o progresso profissional.
A área da segurança privada sofre os impactos da globalização e dos avanços tecnológicos. As ferramentas de busca e pesquisa atualmente disponíveis na rede mundial de computadores, tornam acessíveis a qualquer pessoa a informação e o conhecimento dos assuntos relativos a segurança. O tomador dos serviços não aceita mais a simples presença de um “segurança”. Ele exige muito mais. Profissionais efetivamente preparados para, além das tarefas vinculadas a segurança, realizar outras tarefas vinculadas ao dia a dia da atividade principal do contratante, são disputados pelas empresas de vigilância e para eles sempre existe vaga no mercado de trabalho.
Como forma de minimizar os impactos que a velocidade das mudanças na segurança privada afeta o desempenho profissional dos vigilantes, estes são convocados a participar bienalmente do curso de reciclagem. Nas trinta horas do curso são recordados os principais conceitos da atividade e realizam o treinamento de tiro.
A qualificação profissional, contudo não pode nos tempos atuais resumir-se as matérias ministradas nos cursos de formação, extensão e reciclagem. Alguns pseudos profissionais questionam: Fluência em uma língua estrangeira? “Pra que se a gente fala português!” Ler livros, revistas e periódicos de segurança empresarial ou de formação profissional? “Perda de tempo, são somente teorias!” Cursos de especialização, reciclagem e treinamento? “Frescura do pessoal de Recursos Humanos!”
Aos que assim pensam meus pêsames! São ótimos candidatos a engrossar as estatísticas dos desempregados. A área da segurança empresarial como as diversas outras do mundo empresarial, está ficando cada vez mais seletiva e exigente e muito mais técnica. O moderno homem da segurança necessita de metodologia consistente para executar as atividades planejadas, coordenar, administrar e gerenciar o departamento de segurança.
Em pesquisa realizada com 195 empresas de médio e grande porte, nacionais e multinacionais, a imagem da área da segurança para o mundo empresarial ainda não é das melhores! Os executivos possuem uma idéia de que a segurança deve ser tratada somente de forma empírica, onde as soluções dadas e ou sugeridas são retiradas do famoso achômetro.
O resultado da pesquisa demonstra que nossa imagem é considerada como sendo de neófitos no assunto.
De quem é a culpa? Particularmente direciono o canhão para os próprios “profissionais”!
A consciência de nossa responsabilidade de buscar elevar o nível dos que labutam na área da segurança privada e em adaptar a tecnologia de trabalho às novas realidades do mercado, deve ser constante.
A área da segurança empresarial (que engloba principalmente a segurança patrimonial, a segurança de informações, a segurança de pessoas e a proteção contra incêndios) tende a crescer e se sofisticar muito. Consequentemente os verdadeiros profissionais de segurança precisam efetivamente estar preocupados com o conceito da empregabilidade. A questão a ser pensada e discutida profundamente por todos os que labutam nesta área é a grande fronteira que delimita quem possui uma especialização ou não.
Buscamos enfatizar incansavelmente, nos cursos e palestras que ministramos a importância do aperfeiçoamento contínuo. Sentimos felizmente que muitos já estão sensíveis a esta necessidade e cada um, a seu modo, procura a especialização. É gratificante e recompensador quando a semente que plantamos germina em terra fértil.
A globalização está arrebentando as amarras da “ignorância” e do “comodismo”. Na área da segurança acabou a época da indicação, ou o fato da pessoa possuir simplesmente uma formação militar. O profissional que não enxergar isso está fadado a tornar-se simplesmente um “ACHOTÉCNICO”.
É fundamental estarmos sensibilizados pela necessidade de sempre reciclar nossos conhecimentos, principalmente numa área como a nossa, onde a dinamicidade é uma característica.
O treinamento é um investimento no capital humano, um instrumento de lucro, de crescimento e vitalidade empresarial, pois só assim poderemos maximizar os resultados, minimizando os custos e otimizando os recursos humanos na área da segurança, tornando-a mais eficiente e eficaz.
Na esperança de que os companheiros e colegas do mercado de segurança possam de fato e de direito, lutar pela maioridade de nossa profissão dentro do contexto empresarial, auferindo respeito e notoriedade, realizando planejamentos exeqüíveis, descendo do pedestal de que a área é imutável e o conhecimento inatingível, depurando deste modo a área da segurança empresarial, permito-me finalmente citar MAQUIAVEL:

"Deve-se ter em mente que não há nada mais difícil de executar, nem processo mais duvidoso, nem mais perigoso de conduzir, do que iniciar uma nova ordem de coisas”.

Joneval Barbosa de Almeida
Interação – Consultoria e Planejamento
almeida@interacaosc.com.br

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